A E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais na história da educação de Milagres
O município de Milagres possui três escolas de ensino médio, são elas, E.E.E.P. Irmã Ana Zélia da Fonseca e a E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais ambas públicas e pertencentes à rede estadual de ensino, o Colégio Patronato Dona Zefinha Gomes que é uma instituição de ensino privado. A E.E.E.P. Irmã Ana Zélia da Fonseca uma unidade escolar de ensino profissionalizante e em tempo integral e as escolas E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais e Colégio Patronato Dona Zefinha Gomes funcionam apenas em turnos, a primeira em dois turnos e a segunda em turno único.
Em fevereiro de 2021 E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais aderiu ao programa Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI), criado pelo governo do Estado do Ceará em 2015 e em vigor como política educacional desde 2016. A adesão deveu-se principalmente a necessidade da captação de uma maior parcela de investimentos tanto na parte da infraestrutura da escola quanto à melhoria da qualidade de ensino ofertada aos alunos matriculados nesta instituição.
A E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais fundada no ano de 1978 foi à primeira escola pública de Milagres a ofertar o ensino médio na época conhecido ainda como segundo grau. Sua construção foi um projeto articulado entre o município e o estado do Ceará. Na concepção de sua instalação estão as professoras Maria Zuila Grangeiro Sampaio e Maria Euda Albuquerque e Maria Figueiredo Marais, entre outras educadoras do município de Milagres. Essas mulheres articularam-se com as autoridades do município e do Ceará e foi a sua ação política que viabilizou a chegada da primeira escola pública para atender a demanda por uma instituição que ofertasse o antigo segundo grau em Milagres.
De acordo com uma publicação feita pela escola em 2003 a ideia de uma escola de segundo grau surgiu assim:
Breve histórico da escola: Até 1977 o município de Milagres só dispunha de escolas estaduais de 1ª a 4ª série primárias e pré-escolar, as famílias que detinham um bom poder aquisitivo encaminhavam seus filhos para o Patronato Dona Zefinha Gomes e outras cidades afim de concluírem e o 2° grau (pedagógico ou outros). Aquelas famílias de baixa condição os filhos paravam de estudar na 4ª série primária. Foi então que um grupo de educadoras formado pelas professoras Maria Euda Albuquerque, Maria Figueredo Morais e Maria Zuíla Grangeiro Tavares, com o apoio incansável do então prefeito o Exmo. Elísio Leite de Araújo e o ilustre político milagrense Antenor Ferreira Lins (IN MEMORIAN), sensibilizados com a situação educacional de Milagres, na época implementaram um projeto de criação de uma escola que atendesse aos alunos de 5ª a 8ª série do 1° grau. Em 1977, foi iniciada a construção da referida escola [...] O nome, E.E.F.M. Dona Antônia Lindalva de Morais. Foi uma homenagem a mãe do Exmo. Senhor Elízio Leite de Araújo, o maior implementador do projeto. As atividades escolares foram iniciadas no dia 20 de março de 1978, com duas turmas de 5ª série, tendo como professoras: Maria Aparecida Belém, Maria Lúcia Moreira e Maria Selma Diniz Albuquerque Rocha. (Fonte: blog da E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais, disponível em https://lmlcrede20.blogspot.com, acesso em 29 de abril de 2021).
Sendo uma escola pública a E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais, foi desde a década de 1980 quando se firmou como uma das principais instituições de ensino de Milagres um espaço de vivências sociais, culturais e econômicas dos filhos dos trabalhadores pobres do município. Como a população de Milagres até o ano de 2010, data do último censo, ainda era predominantemente rural, a maioria dos estudantes dessa escola tal como nas décadas de oitenta e noventa do século XX, ainda são provenientes da zona rural.
Localizada na sede do município de Milagres, até o ano de 2008 esta instituição atendia alunos tanto do ensino fundamental quanto do médio, posto que desde 2004 a maior parte de seus discentes fossem estudantes matriculados no ensino médio.
Ao longo do período de 2005 a 2018 a E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais apresentou uma queda significativa no número de alunos matriculados. Segundo os dados do censo escolar, disponíveis no arquivo da secretaria da escola em 2005 foram matriculados no ensino médio 920 estudantes, na sede da escola, mas havia um anexo da mesma funcionando nas dependências da E.E.F. Wilson Gonçalves com 333 alunos matriculados. Tal fato ocorria porque o prédio da sede da instituição não tinha capacidade para acolher todos os alunos matriculados.
No ano de 2010 os dados do censo escolar mostram que o número total de alunos matriculados na E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais que havia sido de 960 em 2008 caiu para 787. A queda foi ocasionada pelo aumento de matrículas no CEJA Padre Joaquim Alves que oferecia a modalidade de ensino semipresencial o que levou a transferência progressiva dos alunos que até 2008 cursavam o ensino noturno na escola Dona Antônia Lindalva de Morais para a modalidade semipresencial desta outra escola estadual de Milagres.
Outro fator que explica essa queda de matrículas de adolescentes no médio de Milagres é o fato de haver crescido a evasão escolar no município entre 2004 a 2012. Segundo os dados do censo escolar de 2010 a taxa de abandono em Milagres nos anos finais do ensino fundamental entre 2009 a 2011 foi de 26,6%, a maioria dos evadidos são do 9° ano fundamental. Já a taxa de reprovação ficou em torno de 6% no mesmo período.[1]
Em 2013 o número de matrículas na E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais cai para 512, isto se deu pelo fato de que em 2012 ter sido inaugurada a E.E.E.P. Irmã Ana Zélia da Fonseca, que abriu quatro turmas de ensino médio acolhendo em suas salas de aula cerca de 170 estudantes no ensino médio. Agora que a cidade de Milagres possuía três escolas de ensino médio os estudantes do ensino médio poderiam optar pelo ensino profissionalizante na modalidade ensino integral, pelo ensino médio regular, presencial em dois turnos de meio período cada, manhã e tarde e ensino médio semipresencial voltado para a educação de jovens e adultos que estando fora da faixa etária do ensino médio (14 a 17 anos) seria uma opção para aqueles que não se adequassem as salas de aula regulares ou precisassem trabalhar durante o dia e estudar a noite.
A partir de 2012 a E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais assumiu as matrículas dos alunos que tendo concluído o ensino fundamental e não tendo resultados acadêmicos suficientes para ingressar na E.E.E.P. Irmã Ana Zélia da Fonseca, pois as matrículas nas escolas profissionalizantes do Ceará são feitas mediante um processo de seleção que toma como base os resultados acadêmicos dos estudantes nas séries finais do ensino fundamental e principalmente do 9° ano. Desse modo com a criação da escola profissionalizante de Milagres a E.E.M. Dona Antônia Lindalva de Morais passa a receber os alunos com baixa proficiência e dificuldades de aprendizagens que egressos do ensino fundamental.
TEXTO ESCRITO PELO PROFESSOR CARLOS CÉSAR PEREIRA DE SOUSA
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